Saturday, December 30, 2006

Hugo Pereira

Um belo momento de sabedoria popular veneziana… Ai Veneza… Pois qualquer dia hei-de conhecer não só outros ditados populares, provérbios, mas também a cidade com o meu próprio corpo presente. Porque não me contento apenas com fotos de pessoas sorridentes a flutuarem nas águas românticas que Veneza tem para dar.
Mas não ficava só por Veneza. O que quero mesmo é uma volta ao Mundo completa. Que se note ‘completa’. Viajar a todos os cantos onde a cultura me surpreenda, onde os meus olhos não se cansem de ver, onde o meu corpo não encontre tempo para descansar.

Quero comentar o primeiro provérbio. Despertou-me o interesse. ‘A fome faz-nos saltar, Mas o amor faz-nos saltar mais alto’. Aos venezianos, venezianas, e a todos os outros tenho uma coisa a dizer: O amor faz-nos saltar mais alto que a fome. Mas não se esqueçam, quanto mais alto é o salto, maior é a queda.

Quanto ao poema, de facto não conhecia. Já o ‘Libertação’ não me era estranho. È daquelas sensações de que já ouvimos uma coisa parecida. Ainda vasculhei numa pasta onde tenho poemas de vários poetas, como Florbela Espanca (ainda bem que a telenovela da SIC tem um ‘i’ no meio, se não ficava traumatizado com os seus poemas), Fernando Pessoa, Bocage, Almeida Garrett… mas não. Nem ‘Libertação’ nem ‘Cântico Negro’. Ainda bem, a cultura é algo que deve crescer e amadurecer. Neste caso está a crescer.

Enfim, dirigindo-me directamente para o poema, Hugo, não é só simplesmente espectacular. É simples e complexamente espectacular. É um grande poema, porque os grandes poemas são aqueles que transmitem uma mensagem principal, e que cada verso pode ser interpretado de várias formas. E este ‘ Cântico Negro’ sim… é grande. Também gostei muito da interpretação de João Villaret. A mensagem principal, para mim, é o não termos medo de dizer não, quando nos chamam para um determinado caminho. Sermos nós próprios os conscientes do futuro que queremos, do caminho que queremos tomar para atingir um dado destino. E como três versos dizem:

“Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar os meus próprios pés na areia inexplorada”.

Para mim, estes dois últimos versos significam muito neste poema. O querermos descobrir nós próprios o caminho que nos reserva, sem irmos atrás de alguém sujeitos a ficar enganados. Não! Temos que ser nós os navegadores do caminho do futuro.

Uma nota ainda. Quero uma pasta, em suporte informático, com todos os poemas que possa ler. Não digo com isto, todos os que escreveste.

Prosseguindo o raciocínio do poema, parto para a citação filosófica de John Donne, com a consciência de uma ligação bastante importante. A necessidade de contactar com os outros, interagir com o meio em que estamos inseridos, é fundamental para que encontremos o tal caminho, o caminho do futuro. Como diz a citação, “Nenhum homem é uma ilha isolada”. Cada um de nós faz parte do mundo, apesar de termos um lado lunar (mas isso é outra história).

Quanto à música… belas músicas. Gosto de Xutos e do ‘Homem do Leme’. Afinal de contas, quem não gosta de ouvir o épico ‘Homem do Leme’. Quanto à interpretação, tu dizes tudo. Saliento apenas uma coisa que me marcou, a tua 5ª lição: ‘Muitas vezes o futuro vai-te fugir por entre as mãos’.

“A utopia é como o horizonte: quando damos um passo na sua direcção, ela afasta-se um passo; quando damos dez passos, ela afasta-se dez passos; para que serve então a utopia? Para não deixarmos de caminhar.”

Isto complementa na perfeição o que tenho vindo a dizer.

Falando em perfeição, ninguém é perfeito. E que música melhor para transmitir aquilo que trava a conquista da perfeição. ‘Lado Lunar’ de Rui Veloso.
Fechando a música, acabo em ‘Vertigo’, pois é sinal que vivi. Hugo, que tu também vás a ‘Vertigo’ muitas e boas vezes.

Se sou um modelo para qualquer um que aspire ser adjectivado de humano, tu fazes parte do MOLDE que me fabricou. Obrigado!

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