Friday, June 30, 2006

Uma vida para além daquela que me espera...

Passamos o ano a desejar que cheguem. É a elas que nos agarramos durante toda a época escolar. São a nossa recompensa. E quando finalmente aparecem, limitamo-nos a pensar “é isto que eu quero da vida”. Obviamente que não é. Quer queiramos quer não gostamos do stress, de sentir a vida a correr, de termos que nos levantar todos os dias com a agenda cheia. Mas quando chegam as férias estamos demasiado cansados para sermos críticos e em vez de vivermos limitamo-nos a existir e a pensar que isso é bom. Não é e nós sabemo-lo mas nesta altura do ano é que aquilo que precisamos e portanto, torna-se mais do óptimo: necessário.

Sonhar alto de mais? Isso não existe, caro amigo. Ou melhor, se souberes sonhar isso não existe. Perguntar-me-ás o que é saber sonhar… É ansiares pelo paraíso conhecendo as limitações humanas. E desde que o sonho não se torne obsessivo (ou seja, desde que mantenhamos os pés na terra), é sem dúvida saudável imaginarmo-nos no topo e lutarmos para chegarmos o mais alto que pudermos. Com princípios, claro.

Chegou a altura de me dirigir aos dois: sim amigos, vocês são pessoas que vão longe. Pelas capacidades, pelas notas, pelos sonhos mas principalmente pelas ideologias, pelo carácter, pelas regras com que se regem, pela força, pela sensatez, pela humildade, por serem como são.

Eu também sonho, claro. Muito alto também. Mas ás vezes sinto necessidade de regressar à terra e analisar de perto a realidade. Lamento que o meu futuro seja previsivelmente semelhante à vida dos meus pais. Se queria mais? Óh, queria tanto mais! (In)felizmente na minha área não há tubos de ensaio, batas brancas, investigação, sucesso para os bons… Há alguma luz para os melhores, no entanto, estar entre os melhores é utópico. Por vezes desespero e deixo a minha imaginação voar até cenários absolutamente deprimentes que envolvem um diploma da treta, consultórios tristes e pessoas ainda mais infelizes, chocolates, obesidade e uma Ana solteirona que dá prendas aos sobrinhos amorosos pelo natal.
E estar lá no alto? Reuniões com importantes diplomatas e políticos, poder ajudar a alterar o rumo das coisas, poder dizer “eu não concordo!” sendo esse grito de oposição uma prova de influência, sendo esse grito uma maneira de mudar o Mundo. E depois estar no terreno. Sentir a luta dar frutos. Sentir que as pessoas nos amam e que o amor que sentimos pelas pessoas quase nos ultrapassa. Mesmo nos momentos de baixas, nos piores momentos, continuar a amar e a lutar baseando os nossos actos numa ideologia boa para todos.
Sentir que as pessoas me admiram, me respeitam, me olham nos olhos quando dizem “com certeza”. Saber estar numa posição importante, saber tomar as posições certas nos momentos certeiros. Poder dirigir-me a uma plateia, sem sequer sentir nervoso miudinho, e falar com eloquência. Basear-me em princípios retóricos e dialécticos, ignorando a demagogia. Sentir olhos pousados em mim, ouvidos que escutam com atenção o que digo.
Sem dúvida que reúno em mim aquilo que faz os entendidos adjectivarem a adolescência de “período de extremos”.

“Eles não sabem, nem sonham, que o sonho comanda a vida, que sempre que um homem sonha o mundo pula e avança como bola colorida entre as mãos de uma criança”.

PS- tive de fazer um novo post para responder ao teu, Hugo. Já agora, tens a certeza que Cambridge é a melhor universidade do Mundo? Eu acho que é a melhor da Europa, a Harvard, norte-americana, é que é a melhor do Mundo. Penso eu de que...

Thursday, June 29, 2006

Ânsia

Acordo de manhã. (Se considerarem meio-dia de manhã). Ligo a Tv. O programa do goucha e outros que tais...oh que bom... Desligo a Tv. Arrepia-me o pensamento de gastar horas a ver cenas tristes daquelas, quando as horas que temos nos sabem já a pouco... Não me apetece ouvir musica. Pego num livro; largo-o três linhas depois. Não tou com disposição. Tive até ás três da manhã a jogar computador enquanto via 24; não vou pegar no computador outra vez. Meio dia? muito cedo para mandar mensagens; o pessoal ainda dorme. Deito-me em cima da cama e olho o tecto. O pensamento divaga... Naquele frenesim vagaroso, os pensamentos sucedessem-e e revejo o passado, vivo o presente e imagino o futuro. Foco-me no futuro. Um tema tão bom como qualquer outro para quem não tem nada que fazer... Voo. Voo alto. Aliás, voo muito alto. "Os jovens são uns sonhadores" dizem eles com a pesada experiência ás costas.
Uma boa vivenda vitoriana sobre o Tamisa nos arredores de Londres para me albergar a mim, a uma mulher que me ama e que é amada e a pelo menos cinco filhos. Um cargo de catederático na Universidade de Cambridge (que só é considerada a melhor do mundo...) a dar aulas de Microbiologia, Genética ou coisas que tais e a brincar com tubos de ensaios nos laboratorios. As noites enchiam-se de peças de teatro, longas e curtas metragens, espetáculos de dança e música clássica e moderna. Os fins de semana eram pintados pelas cores berrantes das galerias de arte, dos parques, das festas sociais, dos jantares com os amigos. As férias passam-se a correr o mundo, a conhecer os locais clássicos, e os exóticos também que eu cá, no que toca a viajar, não sou esquesito...
Um belo quadro. Pena que não passe de uma bela tela pintada pela fértil imaginação do meu consciênte. Ou do meu subconsciênte? Estarei a dormir e será isto um sonho? Afinal não. É só aquele fatidico estado do "sonhar acordado". Tomo consciência da minha ambição e questiono-me: "Não será desmedida?". Parece-me bem que sim. Percebo então que isto é tudo um ânsia de viver desmedida e impulsiva que me faz saltar o coração. O relógio não passa, os segundos parecem gotas relutantes em unirem-se com o chão que as espera, qual chuvada suspensa mas inevitável. Tenho ânsia de viver, de correr o mundo e ver tudo o que ele tem para mostrar. Será isto normal? Digam-me vocês.

Friday, June 16, 2006

Ainda por cima a TIC

Notas de TIC: 17 no 1º Período; no 2º desci para 16 por causa de um teste e neste Período tive 17,3 no teste e 17 no trabalho (sim, porque a minha “querida” Professora não dá mais que 16 nos trabalhos a quem não fizer coisas que ela não ensinou!).

Pensei, na minha inocência: “Bem, o 17 está garantido…” Qual quê! “A tua média mal dá para o 16”. Ia caindo da cadeira! “Desculpe?” “São os parâmetros de grupo”. “Lamento mas não mudar a minha auto-avaliação. Continua a ser o que eu acho que mereço. E como a nota é vinculativa, vou fazer exame”.

Garanto-vos, vou faze-lo nem que seja para ela ter de o corrigir. “Mas o 16 é uma nota boa…” Ela que enfie o 16 no rabinho!

(Estou mesmo revoltada)

Thursday, June 15, 2006

Talvez tenhas razão...

Procuro-te.

Tu foges...à sempre a capa do "trabalho relevante".

Eu espero.

Mas sou humano, impaciênto-me.

Procuro-te e olho-te nos olhos. Ficas embaraçada; sabes que os olhos são os espelho da alma.
Ah, e como a reflectem bem, os teus... Ficamos presos nesse olhar de segundos infinitos.

(Já lá diziam os avós, que as palavras mais importantes eram as que ficavam por dizer...)

Desvias o olhar zangada, por entrar assim, sem pedir autorização, nos teus sentimentos.

Atiras-me, com a voz trémula e uma cara de nervosismo oscilante entre o riso e o choro, que eu tenho a mania que pecebo tudo.

Talvez tenhas razão...

JOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO

CAMPEÕES, CAMPEÕES, NÓS SOMOS CAMPEÕES!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Muitos, muitos parabéns á equipa sénior da divisão de hóquei da Juventude Ouriense!!
Passaram à primeira divisão nacional....meus caros...não é para todos!!! Bem, acabei agora mesmo de vir do jogo que determinou a nossa passagem já praticamente certa. 8-2!!! Como devem compreender, tou a escrever com muito cuidadinho para não babar o teclado...
Uns parabéns muito especiais para um dos colaboradores deste blog: NUNO SILVA!!!! Rapaz, tás lá!!! És o nosso orgulho!!! Eh eh, isto até dá outro estilo: "Tenho um amigo a jogar na I Divisão de Hóquei"!!!!!
Nuno, a sério, muitos parabéns pelo esforço, pelo suor, pelos golos, pelo trabalho de equipe, pelas lágrimas, pelo sofrimento, pelas alegrias...enfim, por tudo o que foi este ano para ti como membro desta fabulosa equipe. Ah, e sim, estás perdoado pelo champanhe!!!
Tempos difíceis virão, mas nós tamos cá para vos apoiar:

We are the champions - my friends
And we'll keep on fighting - till the end -
We are the champions
We are the champions
No time for losers
'Cause we are the champions - of the world -

FORÇA JO!!!
PS: Nuno, é uma honra ser teu amigo!!

Wednesday, June 14, 2006

FCC

Meninos, boa sorte para o exame. Vão com calma... Estou mesmo a adivinhar dois "A"s.

(E não houve Agroal para ninguém...)

Monday, June 12, 2006

Dá que pensar...

Em primeiro lugar, gostava de apresentar as minhas desculpas por estar, mais uma vez, a insistir na tónica do mundo político, mas ultimamente tem me dado para isto...

Aquando da leitura dos comentários sobre o meu último post "Quando eu for Grande" deu-me vontade de expor aqui, de forma mais concreta, o porque desta minha aversão á política. Fique aqui claro que, embora eu me enoje com a política, reconheço-a como uma necessidade das sociedades ditas civilizadas. Então, talvez o que me enoje não seja a política, mas os seus intrumentos e a forma como são ab(usados), ou seja, o Estado.

De qualquer maneira, este meu post não pertende ser uma discussão abstracta e filosófica sobre a política, mas sim a apresentação de casos concretos e reais. Porque a maioria destes casos involve pessoas amigas ou de família vou-me abstrair de usar nomes.

1º. Uma das primeiras imagens que me vem a cabeça é a de um amigo da família, uma excelente pessoa por sinal. Ora, já é corriqueiro, quando todos os anos rumamos ao Algarve para um bem merecido descanso à beira mar, pararmos na quinta deste amigo, ali para os lados de Palmela, tanto á ida como á vinda, para sermos presenteados com magníficos banquetes a que o dono da casa insite em dar a mera classificação de almoços. Ora num desses almoços, á beirinha daquela magnífica piscina, o assunto á mesa derivou para a política, isto porque tinham havido, há relativamente pouco tempo, as eleições legislativas e o Cherne tinha apresentado a sua proposta de governo. Ora, este amigo contava, em tom de confidência, que tinha sido convidado por três vezes para este governo, duas como ministro e uma como secretário de estado, e afirmava com orgulho que tinha negado as três: "Ora, vai um homem meter-se nisso para sair pior do que o que entrou! Nada se faz de nossa livre consciência, primeiro á que analisar os interesses do partido e dos que o apoiam. E se se arrisca, o mais certo é sair-se de lá com a imagem desfigurada..." O primeiro comentário veio de um primo afastado: " E esperto foste tu, pá!". Bem, é sempre muito bonito nós dizermos que temos de lutar para que as coisas mudem, mas corremos o risco de exagerarmos no idealismo. Podemos em consciência julgar este homem por não se meter no lodaçal político, quando tem uma família numerosa para sustentar (o sexto filho nasceu o ano passado), e as suas empresas dependem da sua imagem no mundo dos negócios? Podemos criticar este homem por não por o seu ganha-pão em risco? Não me parece...

Falando de um caso mais próximo, a minha família possui um terreno enorme junto á ribeira de Seiça, á saída de Ourém. Ora, a Câmara Municipal autorizou, há uns tempos, o depósito de terras nesse nosso terreno por parte dos seus veículos. Quando nos demos conta da situação, apresentamos queixa, como é óbvio. Vejam só como a política é mesquinha: o processo arrastou-se interminávelmente porque existe um indivíduo, que em tempos foi parte da minha família por afinidade, mas que eu hoje não considero coisa alguma, que se decidiu vingar de umas partilhas que não lhe agradaram. Não fosse termos um grande amigo na vereadoria que ao saber disso acabou com as histórias e lá fez recebemos um insípido pedido de desculpas da Câmara pelo "incidente", e ainda eram capazes de nos vir dizer que o terreno não era nosso. E aqui está como um cidadão necessita de cunhas para defender o que é seu de direito contra o interesse de outros mal-intencionados... O cúmulo disto deu-se quando, passados uns tempos, foi a minha família a necessitar de lá depositar terras. Recebemos em casa uma multa astronómica porque tinhamos depositado terras onde não o era permitido... Claro que fomos "fazer barulho" para a Câmara!! Então, as suas excelências podiam lá depositar a terra que bem entendessem mesmo não sendo deles o terreno, e os legítimos donos não?... Desta vez o amigo da vereadoria não pode ajudar, parece que a vingança desta vez vinha do topo... Não estivemos com meias medidas, ligamos para um primo afastado que trabalha num dos mais conceituados escritórios de advocacia do país e pedimos-lhe ajuda. Passados uns dias a Câmara recebeu uma carta desse nosso primo com o carimbo do escritório. Nunca mais se ouviu falar em multas...e o prazo já prescreveu...

Por último apresento-vos um caso com uma dimensão mais internacional. Um outro amigo de família foi, durante muitos anos, e até há bem pouco tempo, comissário da ONU. Penso que a instituição não carece que lhe apresente os créditos. Ora, este venerável senhor contava-nos histórias do "arco da velha" (perdoem lá a expressão). Bem podemos começar por, em números redondos e segundo as estatísticas internas da ONU, apenas 10% do que é doado chega ás pessoas com necessidades. Não se trata aqui de denegrir o trabalho das Nações Unidas, muito pelo contrário, porque dos restantes 90% "apenas" cerca de 20% se perde nos "canais subterrâneos" da organização, 70% do montante doado vai para os governos,guerrilhas e interesses que podiam dificultar a vida ás missões e que assim se mostram mais dispostos a colaborar. Havia ainda a história de um dirigente de um país africano corrupto. O povo dele andava a morrer aos milhões devido à fome e às epidemias, e ele exigia como condição para que a ONU se instala-se no seu país para ajudar apopulação, 80% do que fosse doado a nível munidal, mas não era para o Estado, era "pó bolso"! Eram condições insustentáveis e que a ONU não podia aceitar... Tiveram de ajudar clandestinamente como podiam o que se traduziu num apoio deficiênte e que causou a perda de milhares de vidas. Mas não se pense que este tipo de organizações é perfeito. Este mesmo amigo trabalhou numa outra no início dos anos 90 que se recusou a instalar-se num país africano porque o presidente, previdentemente, estipulou como condição que 75% do pessoal afecto á organização tinha de ser do seu país. Era uma forma de canalizar bastante dinheiro para o seu país visto que estas organizações pagam muito generosamente aos seus funcionários, mas a organização não aceitou. Segundo ele, que se encontra nesses meandros à anos: "É tudo uma cambada de oportunistas que quer é tachos..."!

Não são histórias do "ouvi dizer" ou do "contaram-me que lhe tinham contado"; são relatos verídicos. E são histórias como estas que me fazem ter nojo da política.

19 no Contrato de Leitura

Só para ficar registado: afinal gosto da Professora de Português!

Sunday, June 11, 2006

Quando eu for Grande

Este é um excerto da rúbrica que João Aguiar escreveu na revista Super Interessante de Junho de 2006:

" Que estranha coisa: no passado dia 25 de Abril, houve quorum na Assembleia da República! E era um feriado! Também, é verdade que não havia votações, de modo que a sessão não dava muito trabalho: era só lá estar, mais nada. Ainda por cima, não havia aplausos obrigatórios. Nem sequer foi preciso cantar o hino nacional, pois para isso havia um coro, desafinado mas cheio de boa vontade.

O leitor terá compreedido que as linha que atrás leu têm como inspiração próxima aquele edificante acontecimento ocorrido nas vésperas da Páscoa, quando não foi possível realizar votações no Parlamento porque demasiados senhores deputados, depois de assinarem o ponto, se botaram ao fresco - uns porque foram pais, outros porque foram avós, outros por motivos pessoais mas mui prementes; e houve inda aqueles que estavam a fazer «trabalho político relevante» (ah, como eu gosto desta expressão) e encontravam-se, pois, a relevar em qualquer outro lado. [note-se que isto foi nas vésperas da Páscoa...]

(...) recordo, também, aquele outro incidente, igualmente edificante, ocorrido quando um clube de futebol jogava em Espanha e houve um número apreciável de senhores deputados que decidiram transferir-se das bancadas de S. Bento para as de um estádio espanhol, sendo que, para completar a coisa, muitos deles consideraram que, ao faltar à sessão da Assembleia, estavam, assim, a cumprir função política (o tal «trabalho relevante» com certeza) e deviam, por conseguinte, ter a falta justificada.

(...) o nosso Parlamento não precisa, na realidade, de ser desprestigiado: ele prórpio se encarrega disso, gostosamente.

Por que será? Serão os ares de S. Bento? Talvez o lugar não seja propício, talvez não seja harmonioso; talvez tenha um mau feng-shui, como diriam os chineses...

...Ou talvez, afinal, e por muito que a ideia me desagrade, a nossa democracia precise de um pouquinho de músculo. Por exemplo (...) ir logo para a perda de mandato em caso de uma só falta não justificada. (...) apertar um pouco mais os critérios dos motivos familiares e dos trabalhos políticos relevantes como desculpa para não ir ás sessões. Não é que assim conseguíssemos melhores deputados - mas também, já desesperai há muito da nossa actual élite política, ou melhor, já percebi que, de momento, não a temos. Mas, pelo menos, a coisa entraria, formalmente, nos eixos; pelo menos, haveria moralidade.

Claro que estas são palavras lançadas ao vento. Nada vai acontecer, não haverá correcções ao sistema porque, evidentemente, ninguém, entre os que podem fazê-las, está interessado nelas. Isto é muito claro, penso. Teremos sempre mais do mesmo.

Por isso, já tomei uma decisão, clara e definitiva.

Quando for grande quero ser deputado.

Porque, já que não há moralidade, então, ao menos, que comam todos. Incluindo eu."

[Eu assino por baixo...]

Friday, June 09, 2006

Respira...conta até três...

Respirei bem fundo…quis começar a falar do que sentia e a voz falhou. “Bolas!” _pensei_ está tudo perdido”. Mas não… Lá encontrei um restito de coragem, não sei bem de onde terá sobrado (talvez do tempo em que era capaz de falar com as pessoas sem me magoar), e comecei a desfiar o rol… Disse tudo o que podia (pouco…) e agora cada vez mais sinto que é em vão. Há que aprender a fazer como as pessoas normais. Há que aprender que as amizades de hoje são muitas vezes baseadas em meia dúzia de palavras lindas, em beijinhos e abraços. Há que aprender a ver e calar. O verdadeiro amigo é que diz sempre: “Claro que estives-te bem! Ó, a vítima és tu”. Será?

Meninos, o melhor gesto de amizade de que sou capaz hoje é que vos garanto que sempre que precisarem de “levar nas orelhas” eu estou aqui. Não me peçam palavras lindas, ok?

(Eit, isto era para ser um post com jeito. Nuno, exige que o Hugo no Sábado te conte que treta toda é esta… Já agora, ainda não foste ao meu blog? www.formalslang.blogspot.com passo a publicidade)

Tuesday, June 06, 2006

...

PS- Antes de começar, quero garantir que não me vão compreender mal. A situação que descreverei de seguida não pretende ser uma crítica. Conto apenas um episódio que me marcou, da maneira como eu vi as coisas.

Quando era miúda, tinha talvez os meus oito anos, admirei profundamente uma pessoa. Sonhava e esforçava-me por ser como ela. Tinha tudo o que eu admirava: inteligência, beleza, criatividade, espírito crítico… Era, aos meus olhos, quase perfeita.
Entretanto cresci e tanto eu como ela lutamos agora diariamente contra os problemas que a adolescência trás implícitos. Ela, como rapariga completa que é, tem passado por problemas que nem eu nem outras tantas raparigas tiveram de enfrentar. Sempre achei que isto fosse acontecer… Mas também sempre pensei que ela tivesse força para os enfrentar. No início desculpei-a mentalmente com “fases más e passageiras”. Agora, sinto a perfeição a escapar-lhe entre os dedos.
Hoje desiludi-me a sério. Porque mesmo sem ela saber, conseguiu disparar contra a minha maior fragilidade. Fiquei por momentos cega pela dor e quando recuperei a vista, tinha à minha frente uma pessoa que estou longe de conhecer minimamente. Talvez seja porque perdeu aquilo que eu mais admirava nela: os valores. Talvez seja porque se tornou em alguém que sempre criticou. Talvez seja porque, pura e simplesmente, não percebeu que me tinha magoado.

Aprendi uma coisa importante: sou o que sou e não há meio de mudar isso. Admiro agora as pessoas de uma maneira diferente. Admiro-as por me aceitarem assim, sem “ses” nem “porquês”, mesmo que eu não queira ser como elas…

Monday, June 05, 2006

A Confiança

A confiança é, por vezes, encarada como uma forma de sentirmos bem. Encontra-se aplicada a muitas actividades e situações do nosso dia-a-dia.
Um estudante necessita de confiança naquilo que aprende e naquilo que faz ao nível dos estudos para que seja bem sucedido. Um desportista deve manter-se confiante e motivado ao longo da época para que a sua regularidade, forma e desempenho em termos competitivos se manifeste pela positiva. São exemplos de confiança em nós próprios. Enfim, todos nós precisamos de confiança em nós mesmos para progredir e desenvolver no sentido evolutivo crescente.
No entanto, existe um outro tipo de confiança. Uma confiança que não está muito relacionada com a motivação. É a confiança que temos nos outros. Este tipo de confiança está, então, associado à segurança que colocamos nos outros relativamente a certas expectativas. São os melhores amigos em quem depositamos esta confiança na maioria das vezes.

Mas, até onde vai este nível de confiança?

Vejamos o seguinte exemplo:

“O João tem um vizinho, que é o seu melhor amigo, o Pedro. O Pedro joga futebol numa equipa onde o Luís é o seu grande amigo. O João roubou um objecto numa loja, e contou ao seu grande amigo Pedro. Mostrou o que roubou e pediu segredo. Contudo, o Pedro, num treino, comentou com o Luís, o que o João tinha roubado, e pediu que não comentasse isso com ninguém, já que o João lhe tinha pedido o mesmo.”

O João confiou no Pedro, por ser seu grande amigo, para guardar segredo. E o Pedro, por ter também outro grande amigo, contou ao Luís, pedindo que não comentasse com ninguém.
E se o Luís tiver outro amigo a quem contar esse ‘suposto’ segredo? Possivelmente, seguia-se o Manuel, o Simão, o Ricardo, o David, o Patrício, e tantos outros entravam nesta corrente contínua.
Muito provavelmente, o segredo acabaria por se configurar noutro parecido, mas não igual. Imaginemos ainda, que o João não queria que a sua mãe tomasse conhecimento do sucedido. Será que a sua mãe não acabava por saber se a corrente se prolongasse um pouco mais…

Pois, é neste sentido que devemos ser mais cautelosos, tanto a reflectir antes dos nossos actos, nomeadamente a quem confiamos certas situações pessoais e outras coisas que gostamos que poucas pessoas saibam, bem como, tentarmos não desiludir os outros, ou melhor, tentarmos respeitar as decisões deles.
Este exemplo pode não ser o melhor, até porque, o meu objectivo não era aplicado tanto a crianças. Refiro-me mais aos problemas que aparecem e acumulam-se nos adultos, que tantas vezes desabafam bem, mas, por vezes, com as pessoas erradas. Mesmo no caso dos jovens, eles contam muito pouco com o apoio dos pais, o que não está totalmente certo. Era mais neste fio de ideias que tentava transmitir o exemplo acima escrito.
Contudo, não quero assustar ninguém, nem tão pouco, afirmar que a confiança nos outros é quase nula… Não! Existe quem respeite e corresponda…

Esta é apenas uma reflexão, que tantas vezes passa por observação!

Timor

Nos últimos dias Timor tem sido a notícia de abertura dos telejornais...pelos piores motivos! Quem se aventurar a passear nas ruas de Díli, o que verá será um cenário desolador: comércio e banca fechados, ruas desertas com excepção dos "gangs" que deambulam queimando e pilhando as casas dos seus compatriotas... Há dias que se ergue fumo da capital. A escalada de violência começou com uma revolta militar e a demissão de 600 militares timorenses que se diizem vítimas de descriminação. Tudo isto graças ás tenções étnicas existentes entre as populações de este e oeste.
A tensão deflagrou com a eleição de Mari Alkatiri (perdoem-me os erros ortográficos) pela Fretilin como primeiro-ministro, sendo este de etnia de leste. Entretanto as coisas complicaram-se devido a uma suposta matança de 30 oficiais das polícias timorenses de etnia de oeste por membros das forças armadas. Os supracitados 600 militares têm posto o país, especialmente a capital, a ferro e fogo exigindo igualdade de tratamento para ambas as etnias e a imediata demissão de Mari Alkatiri. Entretanto os tiroteios são constantes e já se contam 30 mortes entre a população da capital. Face a estes acontecimentos, 25 mil pessoas abandonaram a cidade, incluindo 34 dos 84 deputados do parlamento timorense. Outras 75 mil encontram-se acampadas nos arredores de Díli pelo receio dos bandos armados que povoam a capital.
Haja algo de bom, parece que continua a existir uma personagem que reúne consenso na opinião publica timorense: o presidente da república Xanana Gusmão. O presidente tem tentado apelar a calma e a ordem pública, mas os rebeldes em conferência com o recém-nomeado ministro da Defesa, Ramos Horta, não cedem nas suas exigências. O presidente encontra-se sem dúvida numa posição difícil: embora a população timorense exiga a demisão do primeiro-ministro devido á sua clara incompetência para resolver a situação, Xanana Gusmão não quer abrir um precedente nesta ainda tão jovem democracia e fazer todo o sistema político vergar á vontade popular. Se bem que fica muito bonito dizermos que o Estado depende da autoridade popular, o facto é que, um Estado sem autoridade não consegue tomar medidas...De facto abriria um precedente e faria o povo acreditar que se uma medida que não lhe agradasse tanto fosse promulgada por um governo bastaria sair ás ruas que o governo caía....Meus caros parece-me óbvio que nenhum governo consegue governar assim. E por isso Xanana preferiu declarar o estado de emergência, o que na prática se traduz num total controlo sobre as áreas da defesa, segurança nacional e serviços de informação pelo Chefe de Estado, na sua qualidade de Chefe das Forças Armadas. Desta forma a figura de Xanana sobrepõem-se á de Alkatiri numa clara tentativa de amainar os ânimos populares. Espero sinceramente que isto resulte e que o governo de Mari Alkatiri (por muito incompetente que seja) consiga terminar o mandato na data prevista (2007) pois dará aos timorenses, esses jovens democratas, uma lição importante: o Estado precisa de estabilidade e, embora deva expressar a sua opinião e lutar pelos seus direitos, o povo não pode tentar forçar a queda de um governo á primeira coisa que corre mal...
Por outro lado, é óbvio que este tipo de situações tem repurcusões externas. Em primeiro lugar saliente-se as declarações imprudentes de Mari Alkatiri ao tornar públicas as desconfianças do governo em como a Indonésia poderia estar a apoiar os rebeldes de oeste, o que já levou a algumas respostas mais acaloradas por parte do governo indonésio. Acrescente-se ainda a preponderancia que a Austrália se anda a auto-incutir neste caso. O governo pediu ajuda externa para a solução do conflito armado e, por questões de proximidade, poderio e amizade, a Austrália foi a primeira nação a corresponder ás solicitações timorenses, facto que tem possibilitado uma certa diminuição na violência que grassa no país. Mas o facto é que a Austrália tem vindo a assumir um politica americanista no Pacífico Sul. Entenda-se por americanista imperialismo disfarçado de procura da paz mundial. E a verdade é que o primeiro-ministro australiano já se acha no direito de vir comentar publicamente a política interna do vizinho Timor afirmando que a país está a ser mal gerido... Face a isto tem-se assistido a uma tenção de bastidores no triângulo diplomático Portugal-Timor-Austrália, visto que os governos português e austrlianos se encontram numa querela diplomática sobre a influência que cada um tem sobre Timor. A predominância tinha vindo a ser portuguesa, facto facilmente compreensível já que foi a diplomacia portuguesa que fez com que as Nações Unidas e a Comunidade Internacional olhassem para Timor o que resultou na sua declaração de independência em 2002. Contudo o poderio económico australiano no Pacífico Sul está finalmente a fazer pender a balança para o seu lado e neste momento Timor está apenas a alguns passos de se tornar um protectorado australiano...
É este o triste retrato da mais jovem democracia do mundo (4 anos apenas...) que denota as dificuldades em erguer um Estado do nada no meio deste mundo que hoje é marcado pelo racismo, pela xenofobia e pelos interesses económicos...

Sunday, June 04, 2006

Retrato a Tinta

dedicado a Ana Leal

Há coisas que te revoltam,
Há coisas que te tiram do sério:
A mentira, a hipocrisia,
A estupidez e o vitupério.

E por dentro berras e esperneias.
E por fora és impávida, fria.
E criticas e maldizes a decadência
Irónica, sagaz e sem clemência.

As palavras? Não as medes.
Susceptibilidades? Não conheces.
E feres sem piedade,
Talvez por instinto, talvez por vontade…

E no entanto és insegura,
Tens armadura de alegria baça.
O sorriso nos lábios perdura,
Mas a felicidade pelos olhos não passa…

Lusco-Fusco

Nota: Embora o postado com o nome de hugo pereira, este primeiro post e colectivo.
Um perdido entre milhões de tantos outros, uns idênticos outros não, a verdade é que este blog, no fundo não passa de mais um. Este poderá ser o vosso ponto de vista, mas não é o nosso, porque o que é nosso é sempre especial, porque tem o nosso cunho pessoal, porque contém intrínseca e extrinsecamente uma parte de nós. Esta é a nossa verdade! Um facto, porém incontornável, é que os blogs se têm multiplicado exponencialmente e a uma razão incomensurável. Serão por isso algo de corriqueiro, algo de quotidiano, de habitual? Alguns podem ser, mas não este! Perdoem-nos a presunção, mas enquanto este for o blog escrito por três pessoas, Luísa, Hugo e Nuno, será um blog único porque este é um blog que pretende ser um reflexo das nossas convicções, ideologias e opiniões, tanto no plano individual como colectivo, ou seja, um reflexo de nós próprios, e logo, algo de singular e irrepetível.
Como foi supracitado, este blog pretende ser um local onde possamos expor as nossas convicções, desabafos, devaneios, sonhos e divagações. Como tal é um blog, de certa forma restrito e de acesso reservado, ou que pelos menos pretende ser, para que todos os três nos possamos expressar com total à-vontade, sem pensar no politicamente correcto. Desta forma este blog é, em primeiro plano, destinado a nós mesmos. É um blog feito por e para nós. No entanto, decidimos que também devia ser um local onde os nossos amigos mais chegados pudessem comentar as nossas publicações, pelo simples facto de este blog ser uma parte de nós e, como tal, algo que deveríamos partilhar com os que nos são mais próximos.
Decidimos criar um “blog colectivo”, porque, como dizia John Donne: “No man is an island entire of itself, each men is a piece of the continent, a part of the main”. E é isso que cada um de nós é, uma parte do todo, um peça que só faz sentido quando encaixada no puzzle…
Hugo, Luísa, Nuno