Saturday, November 18, 2006

O Mundo vai estar melhor

Vocês são os dois excelentes pessoas e têm os dois carradas de razão. No entanto, na minha opinião, as coisas não podem ser vistas nem duma maneira, nem de outra. Ou melhor, têm de ser vistas das duas.

O Mundo está mal? Em alguns aspectos, sim, muito mal, decadente, um nojo. Estamos no século XXI e os países ricos continuam a alimentar a fome dos mais pobres, a corrupção e a o leque de bandidos disfarçados está no auge e as guerras intensificam cada vez mais o seu carácter estúpido e irracional, ao passo que insistimos na ideia de nos apelidarmos de racionais (irónico, não?).

(Apesar de, como me disse uma vez uma pessoa, as guerras resolverem muitos problemas demográficos. A mesma pessoa que defendeu que se há incêndios, cortam-se as árvores.)

O Hugo enumerou uma série de bons exemplo de estupidez humana, não vou repetir até porque não são coisas verdadeiramente agradáveis. O Mundo está mal? Muito mal.

Contudo, e como disse o Nuno, nada é tão linear assim. Todos os dias pessoas sorriem e riem alto, mesmo nas piores condições. Todos dias há quem chore pela pessoa que está ao seu lado. Todos os dias se dizem palavras lindas como “gosto muito de ti” em todas as línguas e dialectos do Mundo. Há pessoas que deixam os seus países para ir ajudar outros. Pessoas que arregaçam as mangas e constroem qualquer coisa de bom. Pessoas que contribuem para campanhas de generosidade. Voluntários de todas as áreas. Todos os dias há alguém que faz um amigo.

Para quê deitar toda a laranja podre quando só um gomo é que está amargo? Está muito amargo, eu sei. Mas e o resto? O Mundo está todo mal?

Eu sou muito feliz. Cada dia mais. E gosto de acordar e de viver neste Mundo que recuso aceitar ser do cão. Este Mundo é meu, é vosso, é de todos. E se não é, cabe-nos a nós fazer com que seja.

Também é para isso que estudamos, certo? Não acredito que amanhã, quando acordar, as coisas estejam resolvidas. Mas acredito que só vivendo as podemos mudar. E acredito que podemos.

Eu sou feliz aqui. E qualquer dia, seremos todos. E por que não começarmos por dizer que o Mundo vai ser melhor?

Comentário ‘Vai mal o Mundo…’ II

(1) A expressão ‘o Mundo vai mal’ invoca um significado geral do Mundo. Os argumentos que tu utilizaste referem-se apenas ao aspecto político-social. O Mundo é muito mais que isso. Se o Mundo fosse só política, aí sim, o Mundo estaria muito mal. Mas não é. E aqui nasce a minha opinião relativamente à expressão ‘o Mundo vai mal’. O meu significado de Mundo engloba muito mais que política, e por isso, admito, e com convicção, que o Mundo vai bem e mal, dependendo dos aspectos.

(2) Consequentemente, o meu comentário não quer contradizer os teus argumentos, mas sim, a forma como tu utilizas o aspecto político-social exaustivamente, como se o Mundo fosse só política. Deverias ter dito ‘o Mundo vai mal politicamente’, porque o objecto que tu utilizas para defender a tua ideia é puramente político-social.

(3) Aquilo que apresentei de contraste entre o passado e o presente, não pode ser interpretado tão linearmente como tu o fizeste. É mais que óbvio que a instabilidade político-social não pode ser comparada entre os períodos Idade Média e a Actualidade. A Monarquia e República, respectivamente, assim o ditam. E o que comparei não foi a situação política, mas sim as situações de conflito. E até podes confirmar que no meu comentário, na relação entre períodos de história, rara ou nenhuma vez utilizo a palavra ‘política’, por não haver relação possível. Portanto, tem cuidado quando argumentas que não posso fazer a relação político-social, porque não a fiz.

(4) Uma coisa que não deixei bem explícita, é que, no passado próximo, o século XX, as ditaduras tomaram posse em certos países, inclusive Portugal. Mas nem foi o caso de Portugal que tentei expor. Foi o caso da Alemanha, mais que sabida. Hitler foi a imagem do Nazismo, que apoderou a política alemã. Aqui já podemos comparar diferentes períodos da história politicamente, ou não? E não foi com esta política que a Alemanha quis ampliar os seus territórios, com o seu império nazi? Com a sua política anti-semita? Pois bem, e o que é que isto levou? À 2ª Guerra Mundial. Que originou milhões de mortos. E digo isto porque no meu comentário referi este conflito, tento associado a uma instabilidade político-social. E as mortes não foram as únicas contas negativas. Cidades destruídas, campos agrícolas devastados, etc. E dizes que o Mundo vai mal politicamente, sem comparar com aquilo que a humanidade viveu no século passado?

(5)
Referi ainda ‘Martin Luther King foi o rosto de milhões de negros que tentaram aniquilar o racismo’. Achas que isto não foi uma instabilidade político-social? Não dividiu sociedades?

(6) Utilizaste a expressão ‘que se lixe Quioto’ e até disseste que não acreditavas no aumento da camada de ozono. E digo-te que, o Protocolo de Kyoto foi estabelecido com o intuito de diminuir as emissões de gases poluentes, que transformem o ozono em moléculas diferentes, grande maioria mais simples. Os países que assinaram este tratado têm de cumprir uma margem de gases poluentes emanados para a atmosfera. Caso excedam, têm de pagar multas, nada leves. Aliás, um país, que pertença ao lote de países que assinaram esse protocolo, caso não atinja o valor mínimo de emissões anuais, pode vender essas emissões a outro país, também ele membro, como é óbvio. Como vês é tudo muito limitado. Ninguém pode exceder, sem ser prejudicado financeiramente. Não duvido que, as reduções em mais de 150 países, não tenham tido qualquer efeito no aumento da camada de ozono. E só não aumentou mais, porque os EUA (e a Austrália) não ratificaram o protocolo.

(7) O Mundo cor-de-rosa às bolinhas amarelas também gostava de ver. Adorava até! Mas é impossível… Tem de existir instabilidade para gerar progresso. Até porque é com os erros que se aprende.

(8) Para finalizar, acho que tu, Hugo, cometeste foi um erro no início, no teu 1ºpost. Classificaste o Mundo apenas no campo politico-social, considerando que o ‘Mundo vai mal’. Cometeste um erro de indução: partiste do aspecto politico-social para concluir que ‘o Mundo vai mal’, ou seja, do campo particular/específico tiraste um conclusão geral.

Thursday, November 09, 2006

Vai mal o mundo...II

Começando por esclarecer a Ana, uma Espanha minada de deferenças? Não falo só na ETA, que é a faceta mais visível, por outra, faço-te uma pergunta, existe, de facto, uma nacionalidade espanhola? Eu acho que não, porque antes de serem espanhóis, nuestros hermanos, são: galegos, aragoneses, valencianos, catalães, asturianos, bascos, castelhanos, andaluzes, granadinos... Enquanto que em Portugal, todos somos portugueses, e depois sim, tu serás algarvio e tu madeirense e o outro beirão e eu ribatejano. Pode parecer uma mera questão de precedência, mas faz toda a diferença para a unidade nacional, para utilizar a espressão em voga.

Respondedo à pergunta do Nuno: sim, vai mal o mundo! Perdoem-me o pessimismo... Tudo quanto foi dito no comentário anterior são verdades (talvez com a excepção do aumento da camada de ozono, ainda por provar, e no qual, francamente, não acredito). Mas eu não me referia tanto aos progressos técnicos ou científicos. Eu referia-me aos progressos humanos, que, obviamente têm na política o seu reflexo.

Oh Nuno, permite-me que discorde veementemente num aspecto: lá por a história estar manchada de conflitos, isso não significa que os mesmos, por serem em proporção menor (algo de que também discordo), sejam aceitáveis! A meu ver, daquilo que conheço de história, não há, nem pode haver, comparação da instabilidade político-social que vivemos hoje em dia com qualquer outro período, porque estamos no século XXI d.C. e não na Idade Média! Falaste-me ainda das Guerras Mundiais; há alguém que hoje em dia ainda não tenha pensado, mais do que uma vez, que a terceira vem a caminho? Acreditas que toda esta instabilidade crescente acentuada pela crise económica, e pela consequênte radicalização de mentalidades, não terá outro tipo de consequências? Os casos que falei no primeiro post, são apenas alguns dos reflexos mais evidentes...

O mundo vai mal, porque a tolerância, a paz, a compreensão, a entreajuda, a cooperação, tudo isto não passam de vocabúlos gastos e sem significado, que começaram a fazer algum sentido em tempos mais bonançosos, mas que agora, em tempos de crise, se esquecem propositadamente. É o cada um por si, e que se lixe Quioto, o ambiente, o diálogo interreligioso, etc.

A ciência cura a humanidade dos males físicos, mas ainda não a cura dos males do espírito e da mente. E é disso que padecemos agora; é para isso que necessitamos de remédio...