Wednesday, March 21, 2007

Paradoxo

Inspiro.

A doçura do teu aroma,
Essa subtil mas omnipresente fragrância,
O teu perfume.

Abro os olhos.
Contemplo-te

A brisa acaricia-te a face,
E o teu cabelo ondula, reflectindo o amanhecer.
O brilho dos teus olhos,
ofuscante...

Prendo-me nesse teu olhar.
Olho-te sem pudor.
Dispo-te!
Ponho-te a alma a nu!

Perco-me numa contemplação sem fim...
Os sussuros do teu perfume,
As mensagens do teu olhar...
Todos eles gritantes!

Mas apenas o vento murmura...
O silência impera!
E enlaça o momento.
Enlaça-o num abraço apertado,
Sufocante...

Sinto-me preso!
Preso ao momento,
Preso ao teu olhar.
Mas tu fazes-me sonhar
E nesse cárcere voluntário
Sinto a liberdade a correr-me nas veias.


Algures na primeira semana de 2007
Hugo Pereira

Paradoxo inequívoco da alma corpórea


Numa reflexão irreflectida penso em ti…
Pura partida irracional da minha razão.
Acordado, durmo e elevo-me em sonhos nunca sonhados
Enquanto mergulho em recordações do imemorial.

Sinto-me cheio de vazio…
Recordo o que nunca aconteceu.
Um passado inexistente,
Um ex-futuro…

A tua frieza desperta o meu calor.
E, numa inconsciência consciente, vejo o invisível
E a escuridão do que não vejo ilumina-me a cegueira.

A realidade fictícia em que vivo dá-me uma liberdade posta a ferros
Que amo, odiando apaixonadamente!
Sinto o que penso sem pensar o que sinto

Abraço o abstracto e o complexamente simples.
Lembro-me de te esquecer até à finitude infinita dos tempos…
E parece-me que morro para a vida, quando na verdade vivo para a morte.


Hugo Pereira
20/03/2007

Paradoxal

Nada parece ser definitivo na minha vida. Hoje acho isto, amanhã parece-me o contrário. Hoje gosto, amanhã odeio...isto quando não gosto odiando! Sinto e não sinto ao mesmo tempo. É incrível como consigo discorrer duas opiniões ou juízos perfeitamente antagónicos em simultâneo. Quais duas vozes dentro de mim...

Sentem o mesmo? Não? Temos pena, porque eu também não consigo explicar em condições.

E no meio de todas estas contradições, ambiguidades, incertezas, antinomias e paradoxos acabo por flutuar através da existência numa atitude confortável e sem levantar grandes ondas...É sem dúvida um estado vegetativo, Ana... A vida acaba por ser um grande paradoxo: a vida é, no fim de contas, uma caminhada para a morte e a morte (pelo menos para quem acredita) parece ser uma transição para a vida!

Tuesday, March 20, 2007

Hotel Ruanda


Estamos no estado do Ruanda, algures no meio da África Subsariana, e decorre o ano de 1994. Devido a conflitos entre diversas etnias a situação política do país é muito tensa. Quando, subitamente, o Presidente é assassinado o caos toma conta do país e as lutas fraticídas tornam-se a lei vigente. Neste clima de autêntica guerra civil, os turistas estrangeiros são evacuados assim como todos os adidos diplomáticos. O mundo toma a posição de não intervir no conflito interno e retira as forças internacionais do país. Apenas a ONU permanece com um contingente demasiado pequeno para abarcar todo o território.

E neste contexto que o filme "Hotel Ruanda" vai relatar a incrível e verídica história de Paul Rusesabagina, o gerente de um dos hotéis mais luxuosos da capital ruandesa. Paul é responsável pela sobrevivência de 1268 pessoas que abrigou no seu hotel.

É uma história no mínimo tocante que mexe com o maís íntimo que há em nós e que nos faz viver de forma intensa a dor, o sofrimento e o horror daquele conflito. Admito que foi um filme que me deixou com uma lágrima no canto do olho...e acreditem que isso não é algo fácil de se conseguir...

Sunday, March 11, 2007

3 anos

Três anos passaram dizem os noticiàrios...

Parece que foi ontem...o choro, o desepero, o caos do local, a estupefação do mundo, os semblantes trágicos dos pivots dos canais televisivos, o horror no olhar dos reporteres...

Parece que foi efectivamente ontem...parece que ainda lhe podemos tocar se estendermos a mão...o sangue, os corpos, a morte, a carnificina, a confusão, o fumo, o pânico, as sirenes, o ar impregnado de ódio e medo, os corações num torpor pela dimensão de tudo aquilo, as lágrimas...

Ninguém ficou indiferente...ninguém podia ter ficado...E agora, depois de 1095 vezes o sol se ter de novo erguido no horizonte e nele se ter voltado a pôr, eu pergunto-me se alguma vez vai ser possível esquecer...

Parvoíces...


Rimos, rimos até não poder mais. Mesmo à distância de vários kms riamos em conjunto. A tecnologia tem destes milagres. Não dissemos nada com nexo, não houve nada que não fosse disparatado naquela conversa. Eu fiz de palhaço, ela de mórbida. E nesta antítese e desencontro pautada pela rabugice nos encontrámos. Mesmo de maneiras antagónicas, ambos precisavamos de dispersar aquele torpor, aqule tédio...

E assim, jogando babuseiras para o ar, se vão cimentando amizades...

Sunshine

I'm walking on sunshine , wooah
I'm walking on sunshine, woooah
I'm walking on sunshine, woooah
and don't it feel good!!

Hey , alright now
and don't it feel good!!
hey yeh ,oh yeh
and don't it feel good!!

walking on sunshine
walking on sunshine

Saturday, March 10, 2007

Felicidade

Tenho a perfeita noção de que isto soa ligeiramente estúpido mas pronto...Hoje foi um dia não propriamente igual a todos os outros, mas, mesmo assim, dentro da normalidade.
Primeiro que tudo, fez um sol radioso! Anunciando a Primavera, o calor...um prenúncio do Verão à tanto esperado: a piscina, a água, a praia, os calções, as t-shirts, as mini-saias, as tardes que só acabam às 9 da noite, as férias, os lanches intermináveis no alfa...apenas um prenúncio, mas que anima qualquer um...
Tive aulinha de instituto de manha que até correu muito bem visto que a teacher tava muito bem disposta; mesmo com o a Joana, o Gonçalo e o Miguel a fazerem porcaria...Falei bastante com a Filipa esta manha, visto que a Catarina não estava por cá. E gostei muito, porque há muito que não falavamos tanto e ela é uma pessoa fantástica.
Depois, mais à tarde, tive o grande prazer de estar com duas pessoas de quem gosto mesmo muito: o Nuno e a Ana. Epa, e foi óptimo ver o Nuno ao fim de tanto tempo. As saudades já eram muitas. E embora tenha tado com ele, o que?, uma mísera meia hora? Que mais pareceram 5 minutos...mas já foi qualquer coisa. Depois lanchei e passeiei um pouco com a Ana. Foi óptimo termos aquele bocadinho para nós, para deixar-mos o tempo correr alternando conversas sérias com as maiores banalidades...
Fui para casa e tinha a minha mana à espera. Ao fim de quase 2 meses sem a ver...Jantamos em família tendo sido eu o cozinheiro desta noite. Foi divertido, como é sempre, aventurar-me na cozinha e ter a minha irmã e a minha mãe sempe a melgar e a dar palpites. Depois de um jantar, que modéstia à parte tava espetacular, deitei-me no sofa a falar com a minha irmã, a matar saudades e a mostrar fotos de Londres no portátil.
Ela lá foi sair com os amigos que também já percisava e eu fiquei no sofá com a minha madrecita a ver um filme que adoro (The Others) no DVD. Quando acabou já não podia com as pestanas e fui pa cama...
E antes de adormecer senti-me tão feliz quanto um mortal possa aspirar a sê-lo. Não aquela felicidade adolescente pautada pela adrenalina. Mas sim aquela paz de espírito, aquele descanso. Aquela plenitude. O sol, os bons amigos, a família...que mais pode alguém desejar?

Tuesday, March 06, 2007

Londres

Sentei-me e apertei o cinto. Verifiquei se estava bem apertado.Não tenho medo de voar mas também não tanho nenhum fetish especial por bater com a cabeça em bancos da frente.
Estava sozinho. Não tinhamos conseguido bilhetes todos juntos devido a todas a complicações do check in. Agora que pensava nisso...Eu que não tinha a fotocópia dos BIs dos meus pais. A Ana Isabel que não lhe queriam reconhecer a assinatura do advogado. A teacher quase que não podia ir porque lhe tinham posto um nome na reserva e outro no bilhete...Mas agora já tavamos todos dentro do Boeing comodamente instalados. Era um alivio! Inda agora eram pouco mais do que 8 da manha e já parecia que o dia ia a meio...acordar as 3 da manhã dá nisto! Uma sra sentou-se ao meu lado esboçando um sorriso simpático. Demonstrava o à vontade de quem estava habituada a viajar. Começei a ler o Público que a British Airways me tinha gentilmente oferecido no Aeroporto. O avião foi-se enchendo...
Por fim descolamos! É uma sensação maravilhosa, sentirmo-nos a elevar do chão. Olhei pela janelinha à minha direita e vi Lisboa e o Tejo a brilharem à luz de um sol quase primaveril. O céu quase limpo permitia ter grandes vistas e diverti-me durante aqueles minutos a observar a paisagem primeiro urbana, depois rural, e as nuvens. Agora estavam a altura dos meus olhos e podia-se dizer, literal e metaforicamente que eu estava nas nuvens.
Gastei as duas horas e pouco de viagem a ler jornais, revistas e Memórias de uma Gueixa, que a Ana me tinha tão gentilmente cedido. Comi pouco, porque os aviões não têm só a fama, têm o proveito também. Olhava pela janela de quando em vez. Planícies, serras, planatos, praias, mar aberto...Todos se sucediam a uma velocidade estonteante...Não dormi nada. As hormonas são tramadas.
Avistamos a costa britânica. Sobrevoamos as prefeitamente ordenadas propriedades rurais dos súbditos de Sua Majestade Britânica. Fizemos duas voltas à "rotunda" devido ao trafego aéreo. Aterramos. E quando a borracha tocou o alcatrão não se incendiaram só faíscas no chão, mas também no meu espírito. Era um sonho tornado realidade!
O resto meus caros: é simplesmente indescritível. Imaginem dois meses de vida em Portugal. Condensem todos esses eventos e acontecimentos em 5 dias. Façam-los passar a velocidade de um único dia. Bem, terão uma ideia muito geral do que foi esta incrível experiência.
Quando voltamos à Portela tentei entrar à sucapa pa dentro de outro avião que partisse para lá mas quase que me mandavam prender. E curei a ressaca de desânimo por ter regressado (não por estar em casa, mas por já não estar lá) a jogar às cartas com o pessoal das 8 da noite até quase às 3 da manha...