Sunday, December 31, 2006

Para 2007...

Também quero muita coisa para 2007. Algumas delas são iguais às tuas Hugo, e também da Ana. Como é óbvio, quero que tudo o que vocês aqui pediram, peçam ou venham a pedir se realizem, pelas grandes conversas, pelos lanches, pelas discussões (no sentido de debate), que só ajudam a crescer, etc. Ou seja, por verdadeiros amigos que são! (Carolina incluída)

Tenho coisas que quero fazer, tenho objectivos a atingir, e sonhos a concretizar. Contudo não vou descrever tudo aquilo que quero, que tenciono fazer, e dizer quais os meus objectivos e sonhos.

(1) Peço que os estudos corram bem. É o meu objectivo principal. Vou trabalhar, dedicadamente, para que consiga concluir o curso com o maior êxito possível.

(2) Peço também que no hóquei tenha o maior sucesso possível. É onde tenho os momentos de pausa e divertimento, que tanto complementam os estudos. É a minha paixão!

Porém, peço, em primeiro lugar, SAÚDE! Para mim, para a minha família, amigos, …, para todo o Mundo.

Que os meus objectivos e sonhos nunca deixem de fazer sentido, que tenha sempre força para lutar, trabalhar, e depois sim merecer as devidas vitórias e sucesso. Porque nada se atinge sem esforço, empenho e dedicação. Nunca podemos desistir daquilo que realmente procuramos. E se algum dia estivermos ao lado daquilo que procuramos, não desperdiçarmos um grande abraço, para que não nos fuja.

Não ter medo de enfrentar o futuro, porque ele é meu, teu, de nós! Amanhã está nas nossas mãos continuar a trabalhar para, pelo menos, sustentá-lo, para que os nossos descendentes possam desfrutar da mesma forma que nós o desfrutámos. Depois sim havemos de o melhorar, trilhando caminhos para a justiça, fraternidade, paz, amizade e amor. Vamos aniquilar a guerra, as instabilidades político-sociais, inveja, cobiça, cobardia. Vamos acabar com as discriminações sociais, raciais, sexuais. Acabar com discriminação. Vamos fazer que, em todos os cantos do Mundo, não haja um único sorriso por existir. Vamos transformar este Mundo cada vez mais sujo, num Mundo cor-de-rosa às bolinhas amarelas.

Que todos tenhamos fome de justiça, amor e de todos ao valores positivos. Vamos ajudar quem precisa, porque, infelizmente, não somos todos iguais. Vamos fazer com que não haja divergências. Vamos elevar o conceito de igualdade ao Ideal!

O meu objectivo de vida passa por isto: procurar o horizonte inatingível, que tudo o que disse é impossível de acontecer na sua totalidade. Vamos correr atrás da perfeição, porque, apesar de nunca a conseguirmos apanhar, guiar-nos-á para uma sabedoria e experiência cada vez maior.

Referi como objectivo. Talvez seja sonho. O que interessa é não enfraquecer com a ideia da impossibilidade de ser perfeito.

Será que consigo sozinho??

Não… Por isso peço a todos para tentar concretizar isto em 2007 e adiante. Se a maioria é impossível, a esperança é a última a morrer!

A MINHA META É ATINGIR O IMPOSSIVEL! E a TUA?

Saturday, December 30, 2006

Obrigado!

Passados cerca de 3 meses, eis os comentários ao excelente presente de aniversário que recebi. Adorei!!

Quando o recebi, não perdi tempo. Fechei-me, concentrei-me e li com a devida organização na leitura de poemas, audição de músicas, etc. Li e comovi-me! A sério, vocês são demais. Voltei a ler uma 2ª vez, anotando eventuais pontos de abordagem nos comentários que prometi. O prometido é devido, e aqui estão eles. Desculpem o atraso, mas a reformulação das notas iniciais em texto foi deixada de lado, porque o tempo escasseou mesmo.

Alguns comentários que faço num de vocês aplicam-se a todos. Relembro o ‘On Being Human’. Não interessa onde ele está. O que interessa é que me deram a oportunidade de ler um resumo perfeito da existência humana, como a Ana diz. Tudo o que li faz parte de um todo.

Não se preocupem se gostei ou não gostei. Notei que ficaram na expectativa se gostei ou não. Sou sincero. Não gostei… Adorei! Portanto, nada de preocupações, porque quem ficou preocupado fui eu, não sabendo se transmiti o meu verdadeiro sentimento quanto àquilo que me deram (especialmente para a Carolina).

Se sou um ‘modelo para qualquer um que aspire ser adjectivado de humano’, vocês fazem parte do molde que me fabricou.

Quero terminar com as seguintes palavras: se eu cresci, e se cresci muito nestes 18 anos, não só em altura, como refere o Hugo, vocês fazem parte desse crescimento. Vocês são pessoas formidáveis, com quem dá gosto conviver. OBRIGADO AMIGOS!

Ana Carolina

A tua excessiva preocupação leva algumas pessoas a chamar-te ‘Santa Carolina’.
Gostei do poema ‘Enquanto Houver’. Porque enquanto houver forças, hei-de lutar, enquanto houver guerras, crianças pobres sem de comer e beber, e muitas outras coisas injustas neste mundo, nunca hei-de atingir a felicidade, nunca ficarei livre da injustiça, corrupção, egoísmo, e tantos outros adjectivos negativos. Porque ninguém é mais que os outros. Somos todos seres humanos. Todos erramos, ninguém é perfeito. Cada um tem o seu feitio. E porque tudo isto existe, nunca hei-de ficar tranquilo. Enquanto tiver forças, hei-de lutar contra a maré, que sobe, sobe e continua a subir. E enquanto houver esperança, há vida. Porque ela é a última a morrer.

Tudo o que escrevi acima, saiu. Da cabeça para os dedos, dos dedos para teclado, e deste para o computador. Só para veres (verem), o quanto sinto isto. Porque me custa saber disto, tentarei reforçar todas as minhas forças para reverter esta situação, por muitos impossível. Para mim ‘nada é impossível’. E enquanto viver, tentarei nunca baixar os braços, para que os opositores não se fortaleçam neste mundo competitivo, nesta competitividade negativa. É com esta competitividade que se constrói cada vez mais um mundo à imagem da vingança, egoísmo, cobiça, numa constante discriminação racial, social e religiosa. Contudo, tenho consciência, que muitos pensam assim. Sei que me apoiarão nesta luta desigual, contínua e sem fim. Mas esse fim só se conquista com esforço e de cabeça erguida. E muita esperança…

Bem… desculpa. Descuidei-me (outra vez). Ainda tentei acabar mas continuei graças ao poema e à música. Tinha a intenção de comentar a tua parte com a ‘tua’ música, depois de ler o poema pela terceira vez. Viste o que me fez soltar? Pois tive de desligar a música … (lol). Deixo este desabafo porque foram o poema e a música que fizeram com que ele saísse. Mas ainda tenho muito mais a dizer sobre isso. E já sei como começar… Farewell Danny Elfman, com o poema de Mafalda Veiga.

Quanto ao poema para quem não é boa a interpretar poemas (que modéstia), estiveste muito bem. Há sempre uma boa razão para sorrir, tentar ser feliz e alcançar metas, objectivos e sonhos.

Quanto à música, foi uma prova de que a melodia também toca muito. Há melodias que precisam de letra para atingirem sentimentos Mas neste caso não. As duas primeiras vezes que ouvi, provocaram em mim um álbum de recordações tuas, de todos os bons momentos passados juntos. As restantes vezes que a ouvi, podes ver no que resultou, um mini-testamento, que pretendo melhorar e desenvolver.

Quanto ao ‘adeus’ que queres que se transforme num ‘até já’ ou ‘até sempre’, só tenho uma palavra: tu queres, eu EXIGO. Até Sempre!

Ana Leal

Em primeiro lugar quero agradecer a oportunidade de ler o resumo perfeito da existência humana – ‘On Being Human’. É realmente uma síntese de tudo o que sentimos, de todos os momentos que enfrentamos diariamente, cada hora, cada minuto, cada segundo. Como pode um sentimento transformar-se noutro, completamente diferente, em segundos apenas? A confiança, por exemplo, demoramos anos a construí-la. Contudo, bastam segundos para a desmoronar. Há muitas coisas que nós questionamos, e a muitas dessas questões as respostas estão no ‘On Being Human’. Adorei lê-lo! Soltou-me em mim 1001 pensamentos sobre grande parte dos sentimentos que passam por nós. É impressionante como retrata toda a nossa vida emocional.

E quantas coisas é difícil constatarmos no ‘On Being Human’… Uma delas é a aprendizagem de que o tempo não volta a trás, e que não existe nenhuma máquina do tempo, como bem sonhávamos quando víamos imensos desenhos animados. Esse mundo não existe, e o mundo que nos aguardava era bem mais duro do que imaginávamos na altura. Sacrifício, era uma palavra que não encaixava muito nas nossas ingénuas brincadeiras. Injustiça e crueldade eram sempre vencidas pelos nossos heróis televisivos. O bem ganhava ao mal. O mundo não é bem assim. Para tanto mal, não há bem que lhe resista.

Concordo plenamente contigo, quando referes que “se lêssemos este texto todos os dias ao acordar, e o conseguíssemos manter como pensamento central, o mundo era bem melhor pelo simples motivo de que seríamos pessoas bem melhores”. É, sem dúvida, uma filosofia de vida, da qual todos nós deveríamos seguir. Porque se a seguíssemos, seríamos pessoas melhores, e o mundo seria também melhor. Cada um de nós faz parte dele, e para ele ser melhor, precisa de nós. É como uma empresa. Se os empregados trabalharem bem, a empresa, muito provavelmente, cresce financeiramente, devido ao aumento de rendimento. Nós somos os empregados desta grande empresa Mundo. Se nós praticarmos o bem, ele sairá rico emocionalmente. Se porventura questionarmos a razão pela qual, apenas uma infinitésima parte das pessoas tentar seguir esta filosofia de vida, não enfraqueçam. Não é por isso que não devemos de fazer aquilo que é correcto para nós. Devemos tentar é influenciar a filosofia de vida das outras pessoas. Ou isto não fará parte da nossa filosofia de vida?

Quanto a este último ponto, acho correcto confessar que a minha filosofia de vida foi bastante completada pelo ‘On Being Human’.

Sonhei em pequeno. Continuo a sonhar. Sonharei em diante.

Sonhar orienta a nossa vida. A tal capacidade de sonhar incrível, que nasce da inquietação da descoberta, de querermos descobrir sempre mais alguma coisa sobre nós, querer chegar mais alto. Porque nós não nos conhecemos na plenitude, ficamos inquietos por essa descoberta. Qual a nossa personalidade? Que porta abrirá? São pois, “Inquietações da Descoberta”.

Os melhores cúmplices são a família e os verdadeiros amigos. São cúmplices aqueles que nunca desaparecem do nosso caminho. São aqueles que nunca nos deixam na solidão. São aqueles que em momentos menos bons, se apoderam dos nossos sentimentos e provocam um sorriso, por entre lágrimas de mar. São aqueles que independentemente da distância não largam o rasto das nossas pegadas na areia. Como o poema da canção diz ‘se tu fosses o meu caminho, se nenhum de nós se sentisse nunca sozinho’. São pessoas que admiramos.

Por isso quero ser teu CÚMPLICE, para o resto da vida, ou até ao amanhecer, mas que o amanhecer fique tão longe como o fim da vida…

Hugo Pereira

Um belo momento de sabedoria popular veneziana… Ai Veneza… Pois qualquer dia hei-de conhecer não só outros ditados populares, provérbios, mas também a cidade com o meu próprio corpo presente. Porque não me contento apenas com fotos de pessoas sorridentes a flutuarem nas águas românticas que Veneza tem para dar.
Mas não ficava só por Veneza. O que quero mesmo é uma volta ao Mundo completa. Que se note ‘completa’. Viajar a todos os cantos onde a cultura me surpreenda, onde os meus olhos não se cansem de ver, onde o meu corpo não encontre tempo para descansar.

Quero comentar o primeiro provérbio. Despertou-me o interesse. ‘A fome faz-nos saltar, Mas o amor faz-nos saltar mais alto’. Aos venezianos, venezianas, e a todos os outros tenho uma coisa a dizer: O amor faz-nos saltar mais alto que a fome. Mas não se esqueçam, quanto mais alto é o salto, maior é a queda.

Quanto ao poema, de facto não conhecia. Já o ‘Libertação’ não me era estranho. È daquelas sensações de que já ouvimos uma coisa parecida. Ainda vasculhei numa pasta onde tenho poemas de vários poetas, como Florbela Espanca (ainda bem que a telenovela da SIC tem um ‘i’ no meio, se não ficava traumatizado com os seus poemas), Fernando Pessoa, Bocage, Almeida Garrett… mas não. Nem ‘Libertação’ nem ‘Cântico Negro’. Ainda bem, a cultura é algo que deve crescer e amadurecer. Neste caso está a crescer.

Enfim, dirigindo-me directamente para o poema, Hugo, não é só simplesmente espectacular. É simples e complexamente espectacular. É um grande poema, porque os grandes poemas são aqueles que transmitem uma mensagem principal, e que cada verso pode ser interpretado de várias formas. E este ‘ Cântico Negro’ sim… é grande. Também gostei muito da interpretação de João Villaret. A mensagem principal, para mim, é o não termos medo de dizer não, quando nos chamam para um determinado caminho. Sermos nós próprios os conscientes do futuro que queremos, do caminho que queremos tomar para atingir um dado destino. E como três versos dizem:

“Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar os meus próprios pés na areia inexplorada”.

Para mim, estes dois últimos versos significam muito neste poema. O querermos descobrir nós próprios o caminho que nos reserva, sem irmos atrás de alguém sujeitos a ficar enganados. Não! Temos que ser nós os navegadores do caminho do futuro.

Uma nota ainda. Quero uma pasta, em suporte informático, com todos os poemas que possa ler. Não digo com isto, todos os que escreveste.

Prosseguindo o raciocínio do poema, parto para a citação filosófica de John Donne, com a consciência de uma ligação bastante importante. A necessidade de contactar com os outros, interagir com o meio em que estamos inseridos, é fundamental para que encontremos o tal caminho, o caminho do futuro. Como diz a citação, “Nenhum homem é uma ilha isolada”. Cada um de nós faz parte do mundo, apesar de termos um lado lunar (mas isso é outra história).

Quanto à música… belas músicas. Gosto de Xutos e do ‘Homem do Leme’. Afinal de contas, quem não gosta de ouvir o épico ‘Homem do Leme’. Quanto à interpretação, tu dizes tudo. Saliento apenas uma coisa que me marcou, a tua 5ª lição: ‘Muitas vezes o futuro vai-te fugir por entre as mãos’.

“A utopia é como o horizonte: quando damos um passo na sua direcção, ela afasta-se um passo; quando damos dez passos, ela afasta-se dez passos; para que serve então a utopia? Para não deixarmos de caminhar.”

Isto complementa na perfeição o que tenho vindo a dizer.

Falando em perfeição, ninguém é perfeito. E que música melhor para transmitir aquilo que trava a conquista da perfeição. ‘Lado Lunar’ de Rui Veloso.
Fechando a música, acabo em ‘Vertigo’, pois é sinal que vivi. Hugo, que tu também vás a ‘Vertigo’ muitas e boas vezes.

Se sou um modelo para qualquer um que aspire ser adjectivado de humano, tu fazes parte do MOLDE que me fabricou. Obrigado!

Sunday, December 24, 2006

Lista de Desejos

Com o novo ano a aproximar-se eu não posso de deixar de pensar naquilo de bom e de mau que ele me poderá trazer. E sim, qual criança de 7 anos, adoro fazer um lista de tudo o que quero que aconteça no próximo ano! E por isso intímo-vos a fazerem o mesmo! E sim Ana, eu já sei que fizeste uma cena parecida no teu outro blog, mas não tenho a culpa que publiques lá montes de cenas e aqui quase nada! =P

Então cá vai, para 2007:

- Quero continuar a publicar e a comentar neste blog.
- Quero que os meus amigos o continuem a ser.
- Quero que a minha mana se safe na Universidade.
- Quero ganhar o Euromilhões pelo menos uma vez.
- Quero passar no CAE.
- Quero que a viagem a Londres em Feveriro corra bem.
- Quero que o Curso em Londres em Agosto corra ainda melhor.
- Quero passar nos exames da escola.
- Quero que o Parlamento dos Jovens seja espetacular.
- Quero que a Visita de Estudo a Aveiro seja brutal.
- Quero ir acampar com voçês deste blog.
- Quero continuar a ter muitos jantares de turma, da presente e das passadas.
- Quero ir com o pessoal ao cinema tantas vezes quanto possível.
- Quero que a Ana Leal venha conosco ao cinema visto que não o faz à mais de 3 meses.
- Quero que as coisas entre a Ana Leal e o outro menino corram bem.
- Quero continuar a comer After Eight com a Ana Leal.
- Quero que o Nuno não se estrague por Aveiro.
- Quero que o Nuno venha cá mais vezes.
- Quero que os Séniores de Hóquei da JO fiquem numa boa posição.
- Quero que o Benfica ganhe o campeonato.
- Quero muitos lanches no Alfa.
- Quero mais saídas à noite.
- Quero mais sessões de Trivial em minha casa.
- Quero ler carradas de livros.
- Quero continuar a descobrir mais música.
- Quero conhecer pessoas que valham a pena.
- Quero rir muito, mesmo muito; pelo menos 10 gargalhadas por dia!
- E finalmente, quero que todas as pessoas de quem gosto (onde se incluem voçês obviamente) sejam muito muito felizes!

Feliz Natal


Bem, alguém deveria assinalar esta data aqui no blog, mas como o meu espírito natalício está uma pouco em baixo, é só mesmo para desejar ao Nuno e à Ana um:

Feliz e Santo Natal
=)

Idealidade Distorcida

Bem, isto é um poema que fiz há já bastante tempo e que nunca publiquei porque está francamente mau; mas, na sequência dos posts anteriores lembrei-me dele porque acho que consegue, de alguma forma, espelhar a minha opinião sobre os assuntos que têm estado em discussão:

Lutamos, dia após dia, por um ideal de felicidade.
que sabemos, é pura impossibilidade.

E corremos todos os dias desvairados
nesta nossa desvairada realidade,
perseguidores incansáveis
de uma impingida e distorcida idealidade.

Ideal distorcido será por certo,
pois não corresponde nem de perto,
ao ideal do homem ultimado.

Não é uma essência verdadeiramente nossa,
não é algo que dizer se possa
sobre alguém que se afirma civilizado…

É um âmago animal
impregnado pela prevalência
do bem-estar individual;
por certo uma vazia e nula essência.
Um de sentido e finalidade desprovido ideal.

Impingido por um paradigma viciado,
forjado de conveniências e interesses,
é este o precioso legado
que deixamos como ideal de felicidade
aos que viverem quando já formos passado.
28/02/2006
Hugo Pereira

O Mundo vai Mal III

Primeiro, só prometer que este é o último da saga: O mundo vai mal. As triologias tão na moda, não é verdade?

Bem, comentando o comentário do Nuno (desculpem lá a redundância), comecemos pelo fim. Dizes que cometi um “erro de indução”. Deixa-me que te diga Nuno, que a indução não é um erro por si mesma e que é, a par da dedução ou da analogia, uma forma inferência válida! Mais, não podes afirmar categoricamente que um raciocínio indutivo está certo ou errado, pois ele não é objectivo, e a sua porção subjectiva apenas permite a que o consideres um bom ou mau raciocínio de acordo com a tua opinião pessoal.

Posto isto, dizes-me que, nesse mesmo raciocínio, e tratando-se de uma indução, eu parto de aspectos unicamente político-sociais para fazer uma apreciação do Mundo no geral. Primeiro Nuno, eu não quero nem posso ter a pretensão de fazer uma apreciação completamente objectiva de tudo o que o Mundo engloba (visto que disso, não devo conhecer senão uma ínfima parte), mas não considero que isso seja impedimento para fazer um artigo de opinião geral. Como tu muito bem dizes: “A expressão Vai Mal o Mundo invoca um sentido geral do Mundo”. Mas, mesmo assim, continuo a considerar legítima a minha conclusão de que, de facto, Vai Mal o Mundo, partindo de aspectos político-sociais, mesmo que me acuses de os usar até à exaustão. Passo a explicitar o meu ponto de vista. A Política e a Sociedade condicionam o nosso mundo. A política com as suas leis e directrizes e a Sociedade com os seus comportamentos e padrões, e a interacção de ambas, limitam, transformam e regem o Mundo que conhecemos. Por isso, quando a Política é algo de decadente e a Sociedade é amoral, as teias que mantêm tudo na ordem afrouxam. Neste contexto, como pode a Economia não ser corrupta? Como pode a Educação ser adequada? Como pode a Cultura prosperar? Quando me refiro aos problemas político-sociais Nuno, refiro-me implicitamente a todas as consequências óbvias que estes têm em tudo o resto!

Dizes ainda, que nunca comparaste situações político-sociais, mas sim situações de conflito. Deixa-me que te pergunte Nuno, o que são afinal os conflitos senão situações político-sociais? Os conflitos dependem do ambiente político-social, são dois aspectos indissociáveis, por tal, quando dissertas acerca de conflitos estás implicitamente a falar da política e da sociedade onde estes ocorreram e que dos quais foram os mentores e as vítimas. É pelo menos assim que eu os entendo.

Acho que houve outro aspecto que não ficou claro. Perguntas-me se não podemos comparar a actualidade com a II Guerra Mundial para daí se extrair que hoje em dia a situação é claramente melhor. Agora sou eu que te digo que tu, Nuno, é que estás a fazer uma interpretação demasiado linear das coisas! Claro que, objectivamente, a II Guerra Mundial foi algo de abominável e que, por isso, é incomparável com a nossa quase, desse ponto de vista, “confortável” situação de hoje em dia. Quem é que discorda disso? Contudo, a nossa situação, Nuno, é muito pior se considerarmos que mesmo depois dos horrores com que o Homem foi confrontado naqueles nefandos 6 anos, o homem continua (60 anos depois!!) a cometer os horrores com que somos bombardeados todos os dias nos telejornais. É precisamente por já terem havido duas sangrentas Grandes Guerras que o que se vive hoje em dia é incomensuravelmente pior! Só atesta que o Homem não aprende com os seus erros e abre como possibilidade cenários futuristas arrepiantes. Sim Nuno, a situação de hoje em dia é muito pior, por ser incompreensível…

Quanto ao Protocolo de Quioto Nuno, eu sei o que é, e por saber o que é, é que não tenho grandes esperanças nele. Afinal, a falta de neve nos Alpes e o milagre da multiplicação dos furacões a que temos assistido ultimamente não são propriamente caprichos de São Pedro…

“Tem de existir instabilidade para gerar progresso”…olha Nuno, só te digo que, quando essa instabilidade, quando esses erros de que falas envolvem a morte e o sofrimento de milhares de seres humanos, eu tenho vontade de perguntar: Que raio de progresso é esse? Não sei se é realmente essa a tua opinião, mas foi a conclusão que tirei do que escreveste: o progresso não deve nunca ser um fim em si mesmo, Nuno, mas sim um meio para atingir um fim. E esse fim está tão distante…

E é por isso mesmo, por estar distante, por o Mundo estar realmente mau, que este meu pessimismo crónico não tem como objectivo o cruzar os braços em expressão fatalista, mas sim o arregaçar das mangas para nos esforçarmos para o atingir. Sim, para atingir o “Mundo cor-de-rosa às bolinhas amarelas” Nuno! Tu dizes que é impossível, eu sei que é impossível! E daí?

“A utopia é como o horizonte, quando andamos dois passos para a alcançar, ela afasta-se dois passos; quando damos dez passos, ela afasta-se dez passos; para que serve a utopia, então? Para não deixarmos de caminhar!”