Sunday, October 29, 2006

Comentário 'Vai mal o Mundo...'

Também não sei... (resposta ao comment da Ana). Quanto sei, a Espanha tem grandes conflitos internos. A ETA não dá descanso às forças e políticas opositoras, enquanto não conseguir o que realmente quer. A Espanha está, de certa forma, numa situação politicamente problemática. A situação é grave. Os ataques da ofensiva ETA tentam ser mortais, e muitos têm sido. Não sei o que tu, Hugo tentaste dizer com 'minada de diferenças'. As ultimas eleições em que Aznar caiu no 'estender do pano', após os ataques da Al-Queda a 11 de Março (2003)?

Quanto ao texto parabéns! Revela muita informação actual, e muitos conhecimentos da tua parte. Parabéns pelo conteúdo, não por aquilo que ele significa, porque quanto a isso, de facto, o mundo vai mal...
Mas será que já não esteve pior?


As 1ª e 2ª Guerras Mundiais não foram bem piores que aquilo que vivemos hoje? Podemos ter muitos conflitos, que não deixam de ser preocupantes, mas atenção: sempre existiram conflitos entre países. Muitos dos conflitos de hoje vêem de tempos antecedentes. O desmembramento da Rússia foi um deles. O muro de Berlim e a sua queda, a completar 20 anos em 2009, é outro conflito do século passado.

E se recuarmos mais no tempo, encontrarás as guerras dos 30 e 100 anos, Napoleão e o seu monopólio, etc. E se recuarmos às civilizações, com destaque a romana, verás que, desde sempre os conflitos existiram.

E não foram eles (não só aqueles, mas muito mais) que construíram a história?

A história está numa constante construção. O Mundo já viveu crises passageiras, graves crises, e hoje vive muitos conflitos que, decerto preocupam. Não podemos descrever a situação como ‘o Mundo vai mal’… Porque sempre foi bem e mal. Em todas as épocas e períodos da história, houve factos que revolucionaram o Mundo, e outros que o prejudicaram.
O avanço científico, electrónico e tecnológico tem vindo a projectar a vida das pessoas. E talvez seja esse avanço que cause cada vez mais problemas que, posteriormente, levam a conflitos. O caso do petróleo é o mais visível. Muitos conflitos entre países nascem na questão do petróleo. O avanço que o Mundo está viver, obriga a que certas reservas naturais sejam exploradas. O petróleo demora milhões de anos a formar e não estão em vista soluções para o seu esgotamento? A investigação na área das energias renováveis tem tido esse papel. Neste caso concreto, o Mundo vai ‘mal’ na gestão do petróleo e ‘bem’ na descoberta de soluções. E poderia referir muitas outras situações em que o mundo vai bem e mal. O buraco do ozono está a fechar… E o Mundo vai mal? Pode ir mal em alguns aspectos, mas vai bem na questão da camada de ozono.

Para acabar, vou-me dirigir para as condições higiénicas e hospitalares. Como era o Mundo dois séculos atrás e como é agora? E as condições de parto e pós-parto… Como eram e como são?
E o Mundo vai mal…?

O que quero transmitir daqui é que em tudo, há coisas boas e coisas más. Durante a história houve progressos e regressos. E que hoje em dia, isso continua assim. Temos vertentes que vão bem e vertentes que vão mal. Nem tudo vai bem e nem tudo vai mal. Há equilíbrios e desequilíbrios entre eles. A grande crise capitalista em 1929 nos EUA, foi um desnível, entre dois grandes regressos (1ª e 2ª Guerras Mundiais) que levaram a um completo desequilíbrio entre o bem e o mal.

Queria também salientar que muito ficou por dizer quanto aos factos que marcaram positiva e negativamente o Mundo ao longo do tempo. Refiro apenas mais alguns pontos importantes.
Einstein e a sua teoria abriram caminho para o progresso. Hitler e o Nazismo tentaram apoderar-se do Mundo, acabando por matar milhões de pessoas, maioritariamente judias, pela sua política anti-semita. Os Descobrimentos abriram portas para o contacto entre povos e culturas. Mesmo assim, trouxe consigo a escravatura. Diversos tratados foram (e são) assinados para resolver e solucionar muitos dos problemas com que o Mundo foi (e é) confrontando. Contudo, nenhuma lei foi criada para resolver o racismo que dominou no século passado, nos EUA. Martin Luther King foi o rosto de milhões de negros que tentaram aniquilar o racismo.

Gostava que isto também fosse entendido como uma visão optimista.

Com tudo isto pergunto: O Mundo vai, de todo, mal?

Sunday, October 08, 2006

Vai mal o Mundo...

Temos assistido, nos últimos dias, à escalada de tensão no Extremo Oriente devido aos iminentes testes nucleares que a Coreia do Norte afirma ir realizar. Está por um fio o equilibrio precário que se estabeleceu em 1953, após o fim da Guerra da Coreia, entre as 5 potências da região: China, Japão, Rússia, Coreia do Norte e Coreia do Sul. Uma equação que ainda se complica mais com a presença, que nos nossos dias vai caminhando para a omnipresença, dos EUA!
Nenhuma das 6 nações supracitadas, com a óbvia excepção da Coreia do Norte, vê com bons olhos a nuclearização dos norte-coreanos. A Coreia do Sul teme que os projectos de unificação de Pyongyang passem à prática e que se assista a uma II Guerra da Coreia, desta vez não para separar, mas para unificar. Os EUA, a Rússia, a China e o Japão temem as visões imperialistas de Kim Jong-il, o líder norte-coreano. Mas dos 4 o Japão é o que teme mais, pois não conta com Forças Armadas, uma herança da derrota da II Guerra Mundial. Aliás, uma Coreia do Norte nuclarmente activa pode dar ao Japão a desculpa para voltar a implantar as instituições militares, o que geraria uma nova frente de conflito. O Conselho de Segurança da ONU garante que ajirá "em conformidade" caso Pyongyang ignore os avisos internacionais e realize os testes. Resta saber no que é que se traduz, na prática, ajir em conformidade.
Quando olho para o mapa político do nosso mundo de hoje em dia, resalta-me à vista aquilo que ali não se vê: Cuba e Venezuela cada vêz mais contra os EUA; Colômbia e Bolívia a penderem para a Guerra Civil; uma Espanha minada pelas diferenças; uma França repleta de problemas sociais; uma Bélgica à beira da separação; uma Rússia cada vez mais virada para a ditadura; os esforços falhados de uma Turquia ocidentalizada; um Líbia ditatorial; uma Somália em conflito eminente com a Etiópia; um Iraque mergulhado numa Guerra Civil que ninguém quer admitir; um Afeanistão a caminhar para o mesmo; um Irão cada vez mais bélico e nuclear; uma revolução Tchetchénia sem fim à vista; uma Geórgia em conflito com a Rússia; uma Hungria mergulhada em problemas de corrupção; a bomba de Cashemira sempre pronta a explodir entre o Paquistão e a Índia; instabilidade no Nepal; agitação dos revoltosos Curdos; os ânimos cada vez mais acesos entre muçulmanos e hindus na Indonésia; Timor sem Rei nem roque; uma Coreia do Norte belicista; o radicalismo e o fundamentalismo islâmicos a subir em flecha; uns EUA que só complicam a situação internacional; uma NATO a passar de estrutura defensiva a ofensiva e uma ONU que no meio de tanto conflito nem sabe muito bem para onde se virar...
De facto, meus caros, vai mal o mundo...

Da Rússia com...sangue.

Foi ontem morta a tiro, no elavador do prédio onde habitava em Moscovo, Anna Politkovskaia, jornalista russa de renome.
Anna Politkovskaia era reporter do jornal russo independente Novaia Gazeta e era mundialmente conhecida pela sua cobertura da II Guerra da Tchetchénia, especialmente crítica em relação às políticas do Kremlin. Aquilo que se pode ler nas entrelinhas dos artigos publicados na imprensa internacional é que o Governo Russo é tido como o muito provável mentor deste assassinato. Anna Politkovskaia tinha vindo a publicar desde 1999 uma série de artigos referentes à Tchetchénia que criticavam duramente o executivo de Vladimir Putin e tinha também já publicados alguns livros sobre o assunto cujo o mais recente se intitulva: "A Rússia segundo Putin". Amplamente premiada no Ocidente pela sua voz corajosa que denunciava os abusos cometidos pela Rússia no conflito que já desgraça a região à 7 anos, Anna Politkovskaia era, por outro lado, vítima de ameaças de morte na Rússia, motivo pelo qual já se tinha refugiado na Áustria em 2001. A sua crescente fama internacional era tida como uma capa protectora contra este tipo de situações, assumpção que já se tinha provado errónea aquando da sua tentativa de envenenamente durante a tomada da escola de Beslan em 2004.
Este não é um caso isolado! Desde 1996 que 23 reportes russos já foram assassinados, 12 dos quais desde que Putin chegou ao poder. E nenhum dos casos foi convenientemente investigado. É incrivel como o Ocidente continua a fechar os olhos aquilo que o Prof Marcelo Rebelo de Sousa chamou de: "...uma ditadura suave (...) uma ditadura disfarçada de regime democrático." Este assassínio volta a trazer à baila a questão da verdadeira existência da democracia russa, país onde muitos afirmam que fazer jornalismo independente e verdadeiro se tornou numa profissão deveras perigosa...

5 de Outubro

A nossa República Portuguesa comemorou, no passodo dia 5 de Outubro, 96 anos de existência institucional. Nesta data, ainda mais agora que nos aproximamos de centenário, fazem-se balanços e reflecte-se sobre esta longa jornada que Portugal tem vindo a empreender desde aquela manhã fria de principios de Ouubro de 1910 em que, da varanda da Câmara Municipal de Lisboa, se proclamava a um povo em delírio o fim da Monarquia. Escrevo este artigo baseado em mais uma edição da "Revolta dos Pastéis de Nata", que vi neste passado dia cinco, onde se debatia República versus Monarquia. Debate marcado essencialmente por saudosismos monárquicos.
Na minha opinião sincera, a implantação da República foi o culminar de uma ilusão que se iria desfazer pouco depois. Acreditava-se que a Família Real, ou seja, a instituição monárquica, era a fonte de todos os males e que bastava acabar com ela para que o país pudesse avançar, que isso, lá honra lhe seja feita, bem precisava. Contudo, nada de substâncial mudou. A crise, pesada herança dos tempos monárquicos, não se evaporou com uma mudança de regime político! Aliás, agravou-se, por obra da maldita guerra que desplotou 4 anos após e na qual nos metemos sedentos de afirmação, e também da instabilidade governativa que grassou naqueles curtos 16 anos que durou a nossa malfadada I República. Pois é, o país não estava preprado para uma mudança de regime, essencialmente por ser coisa que desejava ardentemente! Eu explicito, é que havia tantas esperanças que o povo queria mudanças visíveis num mês! Ora isto fazia os governos cair ao fim de 3 meses... Verdade seja dita, que os republicanos tiveram a coragem de tomar medidas inovadoras e prementes para o país: citem-se a laicização do estado, a instituição do divórcio e a reforma do ensino. Mas o facto e a lição que se pôde tirar é que a solução da crise não passava necessariamente pela mudança de regime!
Foi de facto uma ilusão! Não pensem que sou um saudoso monárquico, porque aprendi com a lição: também não acredito que hoje em dia a solução dos nossos problemas passe por uma mudança de regime político! Somos uma República, para o bem e para o mal, e como República devemos resolver os nossos problemas.

Monday, October 02, 2006

Revolta

Acho que deve ser a única palavra no léxico português que descrve inteiramente o que sinto neste momento... Talvez devesse fazer uma excepção para indignação. Desculpem-me, mas sinceramente não acho normal! Não é lógico! Mais, não tem lógica nenhuma! É ultrajante! Mas o pior é que não à nada que se possa fazer!
Bem, desculpem o desabafo, não devem estar a perceber nada, não é verdade? Eu explico. Na realidade é muito simples. O nosso querido primeiro-ministro fez aprovar uma lei na Assembleia da República que básicamente diz que, se uma empresa tiver dívidas ao fisco e não as puder pagar o seu técnico oficial de contas (ou contabilista) é que fica encarregue de a pagar ao Estado! Ora isto, na prática, traduz-se no seguinte: imaginem uma empresa que durante 10 anos se recusa a pagar impostos. O contabilista avisa, mas se a empresa não quer pagar ele não pode pura e simplesmente obriga-la! Vem uma fiscalização e descobre a fraude. Processa a empresa mas esta, devido à conjuntara que vivemos hoje tem pouco dinheiro. As finanças penhoram-lhes as instalações e os carros de serviço, mas isso nunca é suficiente. E onde vai o Estado cobrar o resto da dívida? Ao contabilista! Tira-lhe o dinheiro e penhora-lhe os bens!
Voçês pensam: até é justo. O contabilista se não convence a empresa a pagar deve deixar de lhe fazer a contabilidade! Se continuou é porque é conivente. Pois, assim até parece bonito! Mas na realidade, se os contabilistas o fizessem perderiam imensos, se não todos, os clientes. Por ventura seria o Estado a ir alimentar-lhe os filhos?
Pois é, mas isto para um Estado à beira de um colapso financeiro são balelas. O que lhes interessa é que lhes paguem os imposto, o resto é história...E é este o país em que vivemos...
Agora pensem como seria terem toda uma vida organizada, mas saberem que no dia seguinte as finanças vos podiam bater à porta e vos ficar com a casa e tudo o que ela tiver dentro, o carro, os ordenados... E tudo poe causa das dívidas de outrem...
PS: Excusado será explicar que apenas publiquei isto aqui por ser um blog visto por apenas três pessoas.